domingo, 29 de abril de 2007

Fui.

Deste-me um sonho. E estou a sonhá-lo, intensamente mas com medo... Não me dás um peso que me prenda à terra o pé que me faz dar um pulo na ilusão e fazes-me voar no teu doce beijo... Não quero, sei que não queres que me prenda ao mundo e muito menos a ti, mas fazes-me perder no teu simples olhar terno de criança...

Vamos dormir. Adormeço com o teu sorriso, mergulho nos teus olhos e sinto. Prendes-me numa fantasia que me embala na magia de um tocar distantemente arrebatador de lábios... Já são horas. Vai. A conversa já não nos afasta, estamos ligados pela noite, mas tens que ir. Leva-me e deixa-me.

Li os teus códigos (um ou dois talvez, sei que não devia), não gostei... Aceito (tenho que aceitar) mas mexe. Sei que o que nos une, nos separa. E é isso que gostas em mim... E é isso que admiro em ti, e que ao mesmo tempo me faz acordar num segundo tenebroso de te ter demasiadamente como te tenho e não como te quero... Mas não me atravesses a alma duma só vez, imploro-te. Deixa-me e leva-me.

As luzes dão sinal iluminando o nosso cantinho... Voa. Voa comigo uma vez, tenta.

Já são horas. Vai. Porque eu fico, ficarei sempre. Assombrar-te-ei o pensamento, serei.

Amanhã, amanhã é sempre um bom dia...Ou uma boa noite...

Vamos dormir. Durmo em ti. Hoje e ontem.



Um beijo teu é um mergulho num suspiro vazio de nada.

sábado, 28 de abril de 2007

Continuas.

Espero que o vento te bata na cara e te acorde.
Espero que as nuvens se fechem e te adormeçam.
Espero-te. Mas sei o que não quero.
Não sei se terei paciência para te ter todos os dias.
E muito menos para te ver. Não me canso de te olhar, mas não me quero cansar.
És algo. Mas nunca serás.
Porque tens a lua… E eu também tenho o sol… Mas não temos agora.
Sento-me nas escadas e olho o tempo, revivo momentos de verão e anseio por eles, talvez porque espero que estejas a meu lado, ou talvez porque sei que aí poderás ser feliz (quanto a mim é uma esperança longínqua…). A tua lua chegará nessa altura, e o meu sol também.
Destinada mente que nos leva a ambos para o inatingível e nos cega de uma esperança inconcebível. Sabemos que nem a lua te pode embrulhar na noite, nem o sol me pode enternecer na vida… Mas transmitem uma separação inegável...
Mas eu convivo com resignação, tu ainda acreditas serenamente num destino pacífico… Eu perdi, após as tais “cinco primaveras”…
Estás comigo, não vou resistir. Por enquanto… Mas também não vou deixar que o teu sorriso me prenda, não para já…

Amigo.

domingo, 22 de abril de 2007

Não sei

Não sei. E não sei se quero saber.
Perco-me sempre no teu olhar, ainda que não queira ou não deva.
Não resisto. És.
Disse-te, queria que me sentisses também. Não me lembro.
Mergulho num campo de céu transparente e obscuro que me dirige o olhar como se fosse um túnel e só te vejo a ti... Porquê? O quê, afinal?
Perguntas curiosas, escondidas mas vistas claramente nas caras de quem as faz, dúvidas mesquinhas de quem quer entender a vida de quem não entende (e por vezes nem quero entender) a própria história. Mas gozo a minha história e escondo-a mesmo na cara de todas essas expressões questionáveis. Não vão saber, porque nem eu sei. Sei lá!
Não sei. E vou continuar a não saber. Até que tu me mostres o caminho e o sentido do nosso pequeno segredo.
Mas estou alegremente tranquila, ainda que receosa... Os meus lábios abrem-se suavemente e quando dou por mim estou a pensar em ti, sorrio quando nos penso, suspiros imparáveis imaginando-te sentado aqui...
Se sim ou não, talvez, quem sabe, um dia mais tarde.
Mas és, e eu não sei o quê. És, ponto.

Saberei.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Perturbante saudade...

Tenho saudades tuas…
Saudade do teu olhar envolvente, da tua força que me enfraqueceu num deleite profundo…
Saudade do desejo frenético do que não é e do que nunca vai ser…
Saudade da tua pergunta sussurrante que me sossegou “E se eu tiver saudades tuas?”
Mas sei que não tens, e eu também não. Mas tenho…
Porque ambos sabemos que não dá. E tu aceitas.
Ambos sabemos que o que temos (ou não) não podemos ter.
Sabemos o que tu queres, o que eu quero, o que nós queremos. Não é compatível.
Espreito pela janela, as casas voam ao som da carruagem, e imagino. A vida que as casas possuem, os sonhos que entram em cada parede, as tristezas que fogem aterrorizadas por cada porta, as árvores que encobrem as saídas nocturnas de adolescentes rebeldes…
Tento meditar sobre o que gira em torno do teu candeeiro que acende o tecto do teu quarto… Tento conceber cada pensamento que a tua almofada recebe da tua mente tão exagerada e irritantemente sincera… Porque me conheces e me confundes… E porque os laços que nos unem te impedem inconscientemente, eu sei… Não me podes ver, não queres, e não podes. E não podemos, ou não devemos…
Mas penso-te todos os dias… Imagino o teu olhar de criança rebelde que me percorre a alma, um devaneio completo enquanto os meus lábios te tocam o pescoço sem me aproximar… Mas penso-te, mesmo. E procuro-te na multidão sabendo que nunca te vou encontrar, mas procuro-te mesmo sabendo que estás a marés de distância…
Mataste-me com um beijo devorador… Desejo-te. Não te amo. (Esquecer-te-tei.)

E agora pergunto-te eu, e se eu tiver saudades tuas?
(E tenho…E muitas…)
[Não me canso de te ler... Porquê?]

domingo, 8 de abril de 2007

"Gosto de ti. R."

R. Vejo os pinheiros a caminharem em direcção ao cimo do monte... Numa inclinação atenta e desmesurada tentando chegar ao desconhecido... Quero-me encontrar contigo ali, só ali, onde ninguém nos descobre, onde ninguém nos vê e as nuvens nos protegem, e sei que tu queres também.
Vejo-te a ti com a força desses pinheiros e com um olhar montanhoso... O teu corpo expressivo e soberbo que me deixa num estado de paralisia enquanto te contemplo... Esse tronco forte e certo que me segura e não me deixa desfalecer de tanta beleza que os meus olhos assistem... Encontro-te e tu a mim, somos só nós, e é lindo, é mágico. Faz-me pensar e dizer, quero-te, quero-te mais, muito mais... Subia-te as costas e arranhava-te a ânsia, cortava-te ao meio e sentia. (Sonho...) Despeço-me sempre com um olhar manhoso e provocante de tanta sinceridade, prometendo que amanhã será um novo dia, uma nova noite, e que estaremos juntos...
Porque enquanto te esperava naquele café aconchegante onde o mar sossegado é o nosso limite e tomava o carioca de limão que a minha garganta doente teimava em me pedir, pressentia uma conversa longa de tudo, uma conversa superficial mas verdadeira, abafando aquilo que nós sabíamos (ou que acabaríamos por saber)...

E os olhares brincados balançavam pela noite bebidos pela sedução destemida mas só nossa...

Porque sei que o que temos é único e só nosso, ainda que não seja nada!
Porque te digo sem medo que gosto de ti de uma maneira muito especial, gosto de ti com paz, com serenidade, com um carinho enorme, porque te sei e tu me sabes... (E porque nos conhecemos e as "tuas vidas" não me dizem respeito..Gosto de ti! E isso basta!)
Porque tu não pertences àquele mundo que me desgasta e me entristece... Àquele lá, ali, que quero bem longe de mim...

E nada tem que voltar a acontecer porque nós sabemos o que temos...

E diremos sempre:

"Xiuuuu...É só nosso...É o nosso segredo!"


Gosto-te, e muito!

domingo, 1 de abril de 2007

Posso?

B. Posso dizer que gosto de ti, simplesmente? (E que me arrependo todos os dias do passado que não quis mudar no presente que passou destruindo o futuro?)

Posso dizer o que quero de ti?

Posso dizer o que espero?

Um dia direi, e aí não ficarei em silêncio... Cada noite que falo contigo acordo a manhã com um sorriso meu de te pensar... Vou-te pensando, enquanto estiveres aí, longe de mim, mas escondido nas nuvens da minha almofada. E deixo um espaço aberto à minha frente, onde o nevoeiro sombrio não me deixa ver se virás...

Mas...

Posso dizer?

Direi a ti e ao mundo, um dia à noite...!