sábado, 3 de novembro de 2007

Não sou o que sou, Sou o que me apetece

Não me consigo ver como quero… Desço a montanha, sabendo que vou voltar a subi-la, mais uma vez, sem me cansar, ou antes, sem pensar no cansaço… Mais um caminho. Mais uma vez.
Vezes sem conta que me perco onde não me consigo encontrar, pelo trilho da conformação sem saber muito bem o quê… Esse trilho que me atravessa o olhar despercebido e me cobre de uma ânsia entorpecida… Noites que me alentam em algo de surreal numa simples estrela que me fixa naquele ponto, e daquele mesmo ponto não me deixa sair… Abdico de sentir, resigno-me a isto.
Já não me fascinas.
A tua delicadeza cega que envolvia a minha mente em pensamentos completamente pérfidos e falsos a mim mesma… O acreditar no impossivelmente desejável, na magia de um beijo de duas partes e um só significado… Para mim. Morre isso em mim. Adormece perpetuamente, naquilo a que chamam “aquele canto do coração”, a vontade de um mundo abarcar duas vidas de universos diferentes… Sei que não. E não consigo entender, mas não me apetece exprimir o que quer que seja… As expressões enganosas já não vão mais tentar concentrar-te. Sim. Deixei-te. Deixei-me.
Viro as costas a tudo o que sei que existe. Tento encontrar-me no que sei que não me fará bem. Única possibilidade, certamente… Não me sinto miserável por saber o que sentir agora… Hoje enquanto percorro as estradas diárias e as calçadas desfeitas sorrio porque uma criança acarinha a mãe, porque uma pomba pousa na mão do carteiro, porque um casal de namorados se apaixona a cada segundo que se olha… Apraz-me ver um cão pular de alegria quando a brincadeira infantil do seu jovialmente idoso dono o faz sorrir… Agrada-me sentir os raios de sol a confundirem-me a vista, despertando as lágrimas contidas de mágoas esquecidas e indiferentes! Gosto de me rir de mim própria, relembrar momentos cómicos que me ultrapassaram… Alegra-me o meu pequeno mundo! Vê-lo-ei a meu bel-prazer!!! Serei a delícia de mim mesma…
Mas não me apetece mais criar a esperança de um futuro afável… Não quero. Sou eu, assim. Sem mais. Sei que a minha passagem está traçada pelas marcas de feridas eternas mas completamente saradas… Sei que jamais admitirei um sorriso dos “seres”…
Paciência não a tenho, amor perdeu-se algures.
Resta-me prosseguir sem me levantar da cadeira… Espero. Alcançar.


Só queria o teu sorriso… E conhecer-te primeiro.

2 comentários:

inocência perdida disse...

"Não me sinto miserável por saber o que sentir agora…
Serei a delícia de mim mesma…
Mas não me apetece mais criar a esperança de um futuro afável…"

Há frases que dizes que parecem leituras de mim (e se calhar de uns milhões de pessoas neste mundo)... não me sinto especial por isto, mas apenas menos sozinha!
Acho que um dia teremos saudades destes tempos, em que nos sentimos assim, sem nos perdermos de nós...
Parabéns e obrigada**

Kel disse...

eu descobri seu blog por acaso
e amei !
todo dia entro pra ver se tem texto novo !
parabéns !