domingo, 25 de fevereiro de 2007

Nao és, e nao voltarás a ser.

Já não és o que afinal nunca foste... É triste saber-te assim. É triste. Anos perdidos num céu de sonhos e desejos insaciáveis... Até poderias ser...Mas agora não, nunca. Reagi perplexa aquelas palavras que me atingiram de forma suave e lenta, uma faca maliciosa espetada docemente... Não sou quem querem que seja, mas sou eu. E sempre tive a certeza que sabias disso...Era isso que te tornava tão diferente e especial... Desilusões temos muitas... Mas amizades traídas quebram a minha alma, tornam-me fraca... Será um erro procurar a minha felicidade à minha maneira? Não tenho que ser "normal" (seja lá o que isso for), só tenho e quero ser eu. Amei-te e odiei-te com amor por te amar. Contigo podia ser eu, porque para os outros o "eu" é uma anormalidade... Sinto, agora, que um céu se fecha por cima de mim... Está tudo a desmoronar... A muralha que nos segurava caiu... Vou fazer a minha viagem sozinha. Não preciso de ti nem de ninguém. Já não és nada. Estragaste tudo. Já não te quero, nunca mais.
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Recordo a primeira vez que estive contigo,,, Passaram-se muitos anos e a magia continuava... Pensava eu... Até.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Tu sabes...

Penso-te nos meus dias mais sombrios, penso-te nos meus dias mais felizes. Penso-te quando não me recordo de ti. Porque és nada e tudo. Porque me dizes o que sou e fazes-me ver o que não sou.

E nunca estás presente... E a tua presença me enfraquece e me reconforta... Tenho medo do que tu me conheces, e tenho receio do que não me conheces... Porque eu não te sei, simplesmente. Na noite escondida nos muros de sorrisos bebidos imagino que te sei...E só aí acredito que amanha saberei um dia... És tu, tu sabes...

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Irrealidade

Pergunto-me o que se esconde atrás de mim. Atrás deste rosto simplesmente simples. Não procuro nada nem ninguém mas pressinto uma busca desmesurada de algo que nem eu sei, porque nem eu sei o que sou. Pergunto-me e pergunto-te o que tenho, não sou nem faço nada para ser, vivo.
Irritam-me os olhares desconfiados e provocantes de quem não vê e de quem não sente, que quer apenas ter algo para contar e dizer que se instalou sorrateiramente nessa realidade. Nessas mentiras sólidas extravasadas pelo vento da verdade fica, no entanto, aquilo em que as pessoas querem acreditar devido à emoção da não realidade mais cómica e mesquinha.
Irrita-me solenemente as paisagens inventadas pela crueldade de um sorriso manhoso e falso. Mas não me afecta. Porque sempre sobrevivi, porque não devo nada a ninguém, nem a mim mesma, (ainda que penses que devo...), porque são estas pequenas coisas que me dão gozo, sim, dão-me gozo, porque os tristes que se dizem felizes pelas intrigas alheias e até pelas próprias macabras intrigas das suas próprias máscaras desgastantes que trazem na alma apenas ar, não merecem nada, pelo menos da minha parte.
Arrependo-me. Arrependo-me das noites em que me esqueci de mim, em que esqueci quem eu era e me deixei levar pela frieza da mentira, crendo que poderia ser genuinamente real... Arrependo-me de ter acreditado no “eu” que não era “eu”, por, em breves momentos, ter acreditado que eu poderia mudar mentes vazias de tudo, ou mudar aquilo em que sempre acreditei.
Por isso mesmo, e por essas mesmas pessoas, deixei de acreditar. Parabéns, conseguiram. Mas não volto a cair, não quero nem tenho paciência. Sei que não vou mudar absolutamente nada, mas não tenho necessidade disso. Só espero que vocês se encontrem um dia, e se arrependam tanto como eu. Porque o arrependimento não mata, mas ensina. E é isso que eu vos desejo.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Um fio de luz...

Estou sentada num banco de madeira que me foi dado quando ainda via as borboletas como anjos e as bonecas como irmãs. Um banco pequenino e simples de madeira acastanhada e gasta, e que apesar de balançar me segura fortemente e me agarra naquele chão sujo e podre de memórias feridas.
Naquela casa no alto da montanha sombria encontro o passado que ainda me persegue e que sei que me vai perseguir até que um dia me liberte de vez. Penso no que fiz e no que não devia ter feito. Arrependo-me de tudo e de nada. Sento-me, olho para o chão e ali fico, curvada diante de mim mesma, perante as tristezas que superei e principalmente perante aquelas que não me deixam.
Porque sei que errei.
Na escuridão daquele quarto apenas completo por um pequeno banco de madeira, vejo a porta entreaberta como se me desse algum sinal. Não fechei a porta porque acredito no impossível, acredito num simples perdão de quem não é capaz de o fazer. Mas também não o quero. Acredito mas não quero. Não porque não mereço, simplesmente porque já passou. Já passou... Agora espreito pela abertura de pó e de luz que abrem uma esperança para algo melhor, ou pelo menos mais tranquilo. Já não luto, já não corro. Espero. Espero que um dia alguém me tire desta casa que ameaça cair, desta casa fraca e forte que me defende de nada. Porque a montanha está sozinha... A casa está sozinha. Eu estou sozinha comigo mesma e por isso mesmo não estou completamente sozinha... Sei que um dia vou abrir aquela porta, vou reconstruir aquela casa e restaurar aquele banco. Mas noutro sítio, longínquo. Onde só as estrelas me irão encontrar... Onde só a vida me irá abraçar... Sei que um dia me vou perdoar e corrigir a minha história, a minha vida. Mas não quero o perdão de ninguém. Não preciso. Só quero ter-me a mim, esteja eu onde estiver...

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Palavras





Escrevo palavras... Mergulho nas palavras como se as tocasse, como se as sentisse... Porque as palavras são a vida... Porque enquanto direcciono lentamente a minha caneta azul, gasta pelas próprias palavras que o tempo corrói, penso, ou deixo de pensar... Sinto. Sinto o que me envolve, o que me chama, sinto o prazer de sentir... Esqueço. Esqueço a mágoa que as palavras já me deram... Imagino. Imagino o que as palavras me poderiam ter dado, mas que por medo me calaram... Enfim, faço. Invento verdades e mentiras. Invento angústias, sentimentos esquecidos apagados pela resignação. Ou revivo. Porque ninguém inventa por inventar. Tudo tem um fundo, mesmo que seja o fundo de um poço... E mesmo aí, as palavras me perseguem. Escrevo. Escrevo uma história que não é minha nem de ninguém. Escrevo e mergulho. E é nesta sensação estranha, amarga e envolvente que encontro um sentido. Ou nenhum sentido. Porque não quero sentidos. Quero encontrar a vida! Quero encontrar a magia das palavras... Que está em cada um de nós... É preciso é saber dizer... E cada um diz à sua maneira. Eu palavreio como quero, como posso, como sinto. Sem palavras não é uma opção.