quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Sem,

Uma paixão ardente de um dia chuvoso, um dia em que as nuvens cobriam o sol, ao longe, de uma falsa crença que sorria. Distante de tudo, daquele parque escurecido pelo verde petulante de relva molhada.
Uma simples paixão.
As conversas motivadoras, as palavras sentidas sem pronúncia nem entoação, as vidas trocadas por um momento de sedução impossível de impedir. Não queria saber do passado e o futuro não me atravessava o pensamento. Era ali e agora. Um só.
O beijo esperançosamente trocado, o toque sentido sem consequência, a realidade esquecida e impensável. Fizeste crer a possibilidade de não ser como era. Escondeste em ti, sem, no entanto, te esqueceres de mim, a expectativa que queríamos, mas que foste incapaz de abraçar.
Foi um momento, sem momentos.
Vibrantes estrelas abriam estradas de pó fictício, a viagem sem destino mas com um regresso ao nada!
Sou a tentativa esmorecida de ti. Estás tão longe que me cansas, agora. Tão distante que se esquece em mim a tua presença. Tão ausente que não és.
Desapareceste lentamente em pedaços dilacerados nas horas de sentir... Saíste, e eu também!


Disfarço-me assim...

sábado, 3 de novembro de 2007

Não sou o que sou, Sou o que me apetece

Não me consigo ver como quero… Desço a montanha, sabendo que vou voltar a subi-la, mais uma vez, sem me cansar, ou antes, sem pensar no cansaço… Mais um caminho. Mais uma vez.
Vezes sem conta que me perco onde não me consigo encontrar, pelo trilho da conformação sem saber muito bem o quê… Esse trilho que me atravessa o olhar despercebido e me cobre de uma ânsia entorpecida… Noites que me alentam em algo de surreal numa simples estrela que me fixa naquele ponto, e daquele mesmo ponto não me deixa sair… Abdico de sentir, resigno-me a isto.
Já não me fascinas.
A tua delicadeza cega que envolvia a minha mente em pensamentos completamente pérfidos e falsos a mim mesma… O acreditar no impossivelmente desejável, na magia de um beijo de duas partes e um só significado… Para mim. Morre isso em mim. Adormece perpetuamente, naquilo a que chamam “aquele canto do coração”, a vontade de um mundo abarcar duas vidas de universos diferentes… Sei que não. E não consigo entender, mas não me apetece exprimir o que quer que seja… As expressões enganosas já não vão mais tentar concentrar-te. Sim. Deixei-te. Deixei-me.
Viro as costas a tudo o que sei que existe. Tento encontrar-me no que sei que não me fará bem. Única possibilidade, certamente… Não me sinto miserável por saber o que sentir agora… Hoje enquanto percorro as estradas diárias e as calçadas desfeitas sorrio porque uma criança acarinha a mãe, porque uma pomba pousa na mão do carteiro, porque um casal de namorados se apaixona a cada segundo que se olha… Apraz-me ver um cão pular de alegria quando a brincadeira infantil do seu jovialmente idoso dono o faz sorrir… Agrada-me sentir os raios de sol a confundirem-me a vista, despertando as lágrimas contidas de mágoas esquecidas e indiferentes! Gosto de me rir de mim própria, relembrar momentos cómicos que me ultrapassaram… Alegra-me o meu pequeno mundo! Vê-lo-ei a meu bel-prazer!!! Serei a delícia de mim mesma…
Mas não me apetece mais criar a esperança de um futuro afável… Não quero. Sou eu, assim. Sem mais. Sei que a minha passagem está traçada pelas marcas de feridas eternas mas completamente saradas… Sei que jamais admitirei um sorriso dos “seres”…
Paciência não a tenho, amor perdeu-se algures.
Resta-me prosseguir sem me levantar da cadeira… Espero. Alcançar.


Só queria o teu sorriso… E conhecer-te primeiro.

sábado, 1 de setembro de 2007

Gritos De Dentro...



Arranca-me a alma!
Devora-me o peito!
Desprende-me desta ânsia que me afoga em lágrimas escondidas no mais íntimo que há de mim…
Quero-te, hoje e sempre, ainda que seja apenas uma simples noite eterna…


Não te esperava… Apareceste sem avisar… Não vi que as estrelas te anunciavam… Não vi o tapete vermelho estendido publicando o teu regresso…
Não senti o teu cheiro a amor perfumado… Tremi.
Um beijo. Dois beijos. Movimentos bruscos tentando desviar a atenção que pairava sobre mim numa simples forma de dizer “está tudo bem, não se passa nada!” (queria eu convencer-me…). Esplanada cheia, olhares alegres, reencontros, sorrisos, histórias por contar… E eu ali. E tu! Parecia que tudo se movimentava (parecia e acontecia…) e eu, imóvel à tua presença, inerte a mim própria, sorria parada, tremendo-me as pernas de felicidade do teu tão inesperado admirável regresso…

Agarra-me todos os meus ossos…
Força-me a entrar na tua vida, com vida!
Entrelaça-me nos teus braços como se fossem meus…
Bebe-me o sangue que me circula e ferve por te amar!
Grita-me, a mim!!!


Mas foi simples… Normal… Apenas um, dois, três segundos, quatro no máximo... Pareceu-me uma vida… Estranho… Sabia que virias, estava convicta de que seria um dia como todos os outros “olá! Tudo bem? Sim. Pois. Até já.”
Sei lá! Mas não foi… Só queria ter-te, assim… Terias um acto de insanidade consciente, amar-me-ias, e gritarias ao mundo! Mas sonho alto… Atravesso as nuvens e toco num planeta distante que não este… Acorda-me… Não te quero querer, quero-me a mim, só a mim!!!

Adormece-me na tua almofada…
Aconchega-me no teu coração…
Deixa-me sonhar, pelo menos hoje! Hoje que sinto saudade, uma saudade que quase me enlouquece!
Segura-me no teu corpo, não me libertes de ti!!!


Deixa-me de uma vez por favor… Regressaste e ficaste como se fosse apenas uma noite, mais uma noite… E tinhas razão. Sei que não te sou… E tu não me podes ser!
Sei que não somos simplesmente… Vou acordar… Não vou lutar mais… Jamais saberás! Não te vou querer mais, nunca mais…!


AMA-ME!!!

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Esquecer quem nunca me lembrou...

Porque não me canso de ti?! O teu sorriso atravessado pelos teus olhos semi bebidos pela cerveja que acompanha a tua mão esquerda… Braço direito por cima dos meus ombros…

Forte. Doce. Protege. Mas foi só ali… Não me bastas.
Esqueço-te em pequenos espaços brancos, mas logo te devoro quando me embalas na nossa antiga magia… Um passado bem perto que não me larga…
Quero-me desprender de ti… Quero que não me cegues mais com os teus olhares traiçoeiros…
Não sou tua amiga. Não posso ser. Não quero ser. Aliás, não consigo ser.
Não me digas que sou, quando sabes que não.
Estou cansada… A noite já não me arma, já não nos une, não nos quer…
Estou cansada de não me cansar de ti…
Apaixonei-me por ti. Mas gosto-me muito mais… Sei que mereço.
Irei.


Apetece-me dizer isto. Porque me apetece... Ainda que as palavras não sejam certas, ainda que o texto não seja uma criação de frases e parágrafos embelezados pelas cores das letras...

São palavras, apenas...


domingo, 15 de julho de 2007

É, ponto.

Está. Sai. Sorri. Bebe. Fala. Fuma. Chora. Ri. Senta. Levanta. Conversa. É.
És. Quem. Foi. Vai. Fui. Será. Dúvida. Confiança. Escondido. Em si. Parece. É. Mas não é.
Relembra. Fala. Sorri. Ri. Dá gargalhadas. Serena. Garra. Não. Hoje. Ontem. Amanhã. Provoca. Seduz. Ás vezes. Provocam. Seduzem. Cansada. Sem paciência. Mesmo.
Gosta. Não gosta. Vai gostando.
Sente. Não sente. Sempre sente.
Mostra. Não mostra. Nunca mostra.
Vive. Alegria. Conversa. Berra. Grita. Reclama. Aceita. Não aceita. É! Assim!
Críticas. Defeitos. Insensível. Fria. Dizem. Qualquer coisa. Como quer.
Mas vive. Bem. Feliz. Tranquila. Paz. Stress. Vai. Senta. Toma café. Fala. Volta a falar. Conversa. Conta. Grita ao mundo. Não precisa, diz! Simplesmente aceitável. Revoluciona. Admirável energia. Muitas críticas.
Ninguem sabe. Ninguém.
Vive, paz. Esconde. Triste.


segunda-feira, 2 de julho de 2007

Suspiros

Memórias momentâneas que estragam a alma. Uma noite ao longe, com as luzes da cidade interpretando o ser o que não ser. As nuvens que espalham um segredo no luar que não se vê. Silêncio. Ofusca o querer, esconde o trépido aperto de seguir. A solidão de mil pessoas e um só corpo. Nuvens negras acinzentadas que denotam uma expressão de horror abandonado no mar escondido no céu sinistramente absorvido pelas luzes. Dói-lhe o ombro, não pesa, não sente nada, mas dói. Está só. Hoje afigura-se uma menor quantidade de pontos amarelos atravessados nos prédios e avenidas. Ninguém está ali, parece-lhe.
Já não lhe apetece mais mostrar o que a atormenta. Deseja apenas gritar ao mundo o que não detém, ou o que não a preenche, há alguns anos. Mas está farta. Segue o seu trilho, com resignação. Mas uma conformidade tão irritante que a suga nas noites sóbrias e solitárias. Na cadeira balança consoante o vento lhe diz soprando ao ouvido o que quer ouvir. É uma criança, uma menina, as suas tranças não querem traçar o futuro, nem lhe querem contar o segredo. Aquele.
Apetece-lhe chorar enfurecida, largar lágrimas pela atmosfera apertada, desapertar-se da calma tranquilizante que as formigas lhe querem dar. Não. Não consegue mais. Não quer. Mas sente que nada pode fazer… E quer.
O ombro pesa-lhe cada vez mais.
Quer paz, a paz dela. No baloiço começa a andar com uma força que a prende e a fixa numa raiva amargurante. Quer saltar para a árvore mais alta e voar. Quer desaparecer na noite. Com as luzes semi-acesas, sem ninguém dar conta (e mesmo que dessem).
Quer causar a sua felicidade nos seus momentos instantâneos. Quer acreditar que ainda é possível, e que ainda merece. Ninguém a vê, ninguém a conhece, e todos a julgam sem se olharem. Ela erra, porque ninguém o faz (...), mas quer encontrar algo, não a deixam. Ela própria não se deixa. Porque não quer o mesmo, quer revelar a magia, voar na imaginação, sonhar com encontros. Acreditar em contos de fadas… É uma Bela que quer o seu Monstro… Mas os monstros não existem. É pena.
A noite abraça o mais estúpido dos pensamentos, dos sentimentos. Isto tudo é tão estupidamente sincero mas grotesco. Está cansada e dói-lhe o ombro. Vai dormir para o terraço e cobrir-se com as estrelas que nem sequer estão lá.
Irrito-me.

Deve ser isso...

Não quero mais saber.
Só sei que estou. Eu. O resto é secundário.
Vou, fazer qualquer coisa, em qualquer lugar, com qualquer eu.
Fui. Cansei disso, disto e daquilo. Já não me interessa.
Sou. Busco. Desencontro. Nego. Desisto. Recupero. Esqueço. Talvez. Nunca.
Ali.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

(Re)Viver!!!

B. Queria que entrasses por aquela porta, como um dia assaltaste (de novo) o sonho pela janela… Deixaste uma doce nódoa que o momento teimou em corromper…
Marcas que entraram e saíram deixando pedaços de ilusões que evitavam evitar o inevitável… Mas não dá, por mais que teimem em me fazer acreditar que desta vez, é a vez.
Não quero mais esgotar palavras em paixões passageiras desinteressantes… Senti o que senti, mas nada mais foi que um pequeno sorriso provável, que nunca será.
Pode o brilho de olhares cruzados fazer renascer algo dentro de mim… Mas jamais será como o teu meigo, compreendido e simples toque. Ainda te vou contar um segredo...
Aquele abraço, naquelas noites de verão… Perdi porque quis. O medo que insistia em me perseguir distanciou-me de ti… Por instantes acreditei que (finalmente) te tinha encontrado como ansiava e sempre tinha ansiado… Eras (e és) tu.
Não conseguiste compreender. Eu compreendi, o teu lado. Não tentaste, sequer.
Mas ainda que tenhas uma estrela cadente, eu não vou fugir mais (as estrelas cadentes caem sobre a terra…).
Sei quem sou. Sei quem és. Para mim. Não vou cessar a luta de algo que nunca consegui entender bem o que era (e será que alguém sabe o que é sentir, isto?).
Vou golpear a minha alma persistentemente, não desisto de um falhanço. Principalmente quando sei que esse falhanço será uma vitória, um dia.
Pode ser demais dizer isto, mas digo, porque o sei, ainda te quero, como sempre quis, apesar de não saber… (Ainda te amo…Desculpa.)
Queria poder vociferar o teu nome como sempre quis e quase pude.

A minha porta está aberta, mas eu vou entrar na tua. Até lá.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Tempo.

Acordo, de manhã, e penso duas, três vezes se me levanto ou se continuo afogada nos lençóis que me prendem a um sono descomunal… Não me apetece dormir, nem acordar.
Vejo as horas, acendo a luz de olhos cerrados, como se tivesse medo que me cegasse, com uma expressão horrorizada daquilo que é mais um dia de estudo desgastante.

O tempo. Relembro. Pedes, constantemente, desculpa, por seres como és (ás vezes). Mas nada fazes, e assim continuas. Não te peço que me olhes e me gostes, nada disso. Mas apetece-me dizer-te, gritar-te, berrar-te ACORDA! Vives numa contínua confusão de vidas entrelaçadas, procuras tudo aquilo que eu própria já procurei um dia. Perdido. Entendo. O tempo.
Apetece-me pegar em ti e ameaçar-te com a vida, não quero que te inundes, mas não te censuro (nem poderia sequer!).
Pequeno… Pequeno que tu és, e pequeno que é o mundo horripilante ao qual te limitas. Podes ter mais, muito mais, eu sei, acredita que sei…

Decido, por fim, levantar-me. (“Não quero ficar com um peso na consciência.”) Depois de um banho propositadamente demorado, de modo a evitar horas desconfortáveis sentada na cadeira dura e nada apelativa (nesta altura, todas as cadeiras são assim), preparo-me e sigo. Phones nos ouvidos, mp3 a tocar; músicas deprimentes ecoam num sopro trépido de chegar ao “nunca mais”…

Como te invejo. Gostava de ter alguém como eu na minha vida. (Não, não é egocentrismo.) Que me gostasse, como eu, mas mais. E, no entanto, fazes-me esmorecer, de cabeça pendurada, balançando na incerteza certa de que não serás, tão cedo. Acorda…Vive, (bem). Não sou anjo. Nem quero ser (jamais)! Refilo-te apenas por amizade, sim. Já não te desperto o visível e inegável. Estou sempre ao teu lado, como dizes. Mas, ocasionalmente, me canso de te ter assim, indefinido, disperso. Desencontrado.

No caminho rotineiro, estrada esburacada, gaivotas pousam num passar elegante de saber quem é, segura da sua certeza bicuda, pescoço erguido, olhar directo, “sou!”.

Tenho a liberdade das asas seguramente assegurada, porque me liberto quando quero. Não me prendo ao sinuoso caminho que não me leva a lado nenhum. Já não me fascina ir por ficar, nem ficar por ir. Vou indo, quando calha, quando a vontade me tortura num suplício simples e humildemente entendido, como bem me apetecer.
Fechei a cortina à tua alma na minha. Encerrei a possibilidade de seres quem sou. Basta cair uma pedra desenganada que me permite antever uma mágoa de prognose, que sei que não. Agora sou eu (apesar de sabermos que nunca deixaste de querer, eu é que quis que não quisesses). És apenas a minha ingenuidade similar ao que fui. A minha criança perdida na raiva de um desamor, que tenta energicamente numa fúria, ignóbil mas perceptível e compreendida, exorbitantemente desmesurada vingar-se numa vida de vidas. Não te vou dizer que perdes com isso, muito pelo contrário. Ganhas. Pelo menos eu ganhei, interpretando mentes completamente dissemelhantes, descobrindo histórias e modos de ser… Cada pessoa é absolutamente única, sabias? Absolutamente, mas com diferenças vivamente desiguais…
Só queria que pertencêssemos ao mesmo ar. Mas os anos mudam, épocas se alteram. “Timings” desencontrados. Mas prometo-te uma coisa, um dia vais ser feliz, tranquilo e pacificamente encontrado na tua vida. Um dia vais ser grande (muito mais), porque és, porque mereces, porque no fundo, bem no fundo, vais sentindo a perda de alguém que te adora desenfreadamente de um modo terno e quer, simples e honestamente, que sejas tu, a ser como és, e como melhor podes ser.

A vida está ali. Basta quereres. Eu quero.

[Sinto falta de te ter como nunca te tive (e não te tive de modo nenhum), quando vais acordar? No fundo, só queria estar contigo... Mas já não tenho capacidade de ser maternamente encarada… Quero ser pequenina, simplesmente. Desculpa. Incompatibilidade mútua. Porventura, um dia.]

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Por vezes.

Por vezes dizemos o que sentimos num segundo, e fazemos disso uma história de uma dia que vagueia no pensamento do eterno segundo que nos prende.
Escrevi, não em vão, tudo aquilo que senti.
Porque o aperto que me encurta o respirar por ténues e breves tempos, me cola a uma sensação sentida do que já passou, mas me liberta quando me solto pelas palavras, que nada mais são que simples letras que escorregam pela noite... Sujei os dedos ao tentar desenhar a minha expressão insignificante num ensaio daquilo que sou. Ou que não sou.
Mas, por vezes, não me apetece sentir. Nem escrever. Como agora.
Já passou aquele segundo, como uma gota de chuva... E não quero dizer que sinto o que me ultrapassa.
Reviro os olhos, fecho-os, abro. Volto a fechar. Submergi em mim.
Nem sequer sei escrever. Nem isso.
Mas sou, ponto.


Um segundo, acabou de passar...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Sai.

Afoguei-me nas tuas palavras sem saber nadar... Acreditei que seria capaz de aprender...
Fechaste-me as portas do mundo que eu quero, e abriste-me para a tua sedução irresistível... Mas não quero mais.
Entretanto, vou derramando a minha dor em lágrimas surdas, escondidas e longe do teu sorriso... E vou-te sorrindo... Escondendo que me quero perder contigo, e dizendo sempre "amigos, acima de tudo..."
Desejo-te de uma forma estranhamente estúpida... Mas resistirei... E agora para sempre...
Dói, e muito... Acabou.
Deixaste-me sem palavras, nada do que digo é dito. Já não sei, só sei que te quero esquecer, rápido. E quero ter palavras... Foste o princípio de um fim desnecessário, agora deixa-me, por favor. Vai. E esquece-me.
Porque, afinal, o impossível é possível... E eu e tu é impossível...

Fim. Sai!!!

domingo, 29 de abril de 2007

Fui.

Deste-me um sonho. E estou a sonhá-lo, intensamente mas com medo... Não me dás um peso que me prenda à terra o pé que me faz dar um pulo na ilusão e fazes-me voar no teu doce beijo... Não quero, sei que não queres que me prenda ao mundo e muito menos a ti, mas fazes-me perder no teu simples olhar terno de criança...

Vamos dormir. Adormeço com o teu sorriso, mergulho nos teus olhos e sinto. Prendes-me numa fantasia que me embala na magia de um tocar distantemente arrebatador de lábios... Já são horas. Vai. A conversa já não nos afasta, estamos ligados pela noite, mas tens que ir. Leva-me e deixa-me.

Li os teus códigos (um ou dois talvez, sei que não devia), não gostei... Aceito (tenho que aceitar) mas mexe. Sei que o que nos une, nos separa. E é isso que gostas em mim... E é isso que admiro em ti, e que ao mesmo tempo me faz acordar num segundo tenebroso de te ter demasiadamente como te tenho e não como te quero... Mas não me atravesses a alma duma só vez, imploro-te. Deixa-me e leva-me.

As luzes dão sinal iluminando o nosso cantinho... Voa. Voa comigo uma vez, tenta.

Já são horas. Vai. Porque eu fico, ficarei sempre. Assombrar-te-ei o pensamento, serei.

Amanhã, amanhã é sempre um bom dia...Ou uma boa noite...

Vamos dormir. Durmo em ti. Hoje e ontem.



Um beijo teu é um mergulho num suspiro vazio de nada.

sábado, 28 de abril de 2007

Continuas.

Espero que o vento te bata na cara e te acorde.
Espero que as nuvens se fechem e te adormeçam.
Espero-te. Mas sei o que não quero.
Não sei se terei paciência para te ter todos os dias.
E muito menos para te ver. Não me canso de te olhar, mas não me quero cansar.
És algo. Mas nunca serás.
Porque tens a lua… E eu também tenho o sol… Mas não temos agora.
Sento-me nas escadas e olho o tempo, revivo momentos de verão e anseio por eles, talvez porque espero que estejas a meu lado, ou talvez porque sei que aí poderás ser feliz (quanto a mim é uma esperança longínqua…). A tua lua chegará nessa altura, e o meu sol também.
Destinada mente que nos leva a ambos para o inatingível e nos cega de uma esperança inconcebível. Sabemos que nem a lua te pode embrulhar na noite, nem o sol me pode enternecer na vida… Mas transmitem uma separação inegável...
Mas eu convivo com resignação, tu ainda acreditas serenamente num destino pacífico… Eu perdi, após as tais “cinco primaveras”…
Estás comigo, não vou resistir. Por enquanto… Mas também não vou deixar que o teu sorriso me prenda, não para já…

Amigo.

domingo, 22 de abril de 2007

Não sei

Não sei. E não sei se quero saber.
Perco-me sempre no teu olhar, ainda que não queira ou não deva.
Não resisto. És.
Disse-te, queria que me sentisses também. Não me lembro.
Mergulho num campo de céu transparente e obscuro que me dirige o olhar como se fosse um túnel e só te vejo a ti... Porquê? O quê, afinal?
Perguntas curiosas, escondidas mas vistas claramente nas caras de quem as faz, dúvidas mesquinhas de quem quer entender a vida de quem não entende (e por vezes nem quero entender) a própria história. Mas gozo a minha história e escondo-a mesmo na cara de todas essas expressões questionáveis. Não vão saber, porque nem eu sei. Sei lá!
Não sei. E vou continuar a não saber. Até que tu me mostres o caminho e o sentido do nosso pequeno segredo.
Mas estou alegremente tranquila, ainda que receosa... Os meus lábios abrem-se suavemente e quando dou por mim estou a pensar em ti, sorrio quando nos penso, suspiros imparáveis imaginando-te sentado aqui...
Se sim ou não, talvez, quem sabe, um dia mais tarde.
Mas és, e eu não sei o quê. És, ponto.

Saberei.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Perturbante saudade...

Tenho saudades tuas…
Saudade do teu olhar envolvente, da tua força que me enfraqueceu num deleite profundo…
Saudade do desejo frenético do que não é e do que nunca vai ser…
Saudade da tua pergunta sussurrante que me sossegou “E se eu tiver saudades tuas?”
Mas sei que não tens, e eu também não. Mas tenho…
Porque ambos sabemos que não dá. E tu aceitas.
Ambos sabemos que o que temos (ou não) não podemos ter.
Sabemos o que tu queres, o que eu quero, o que nós queremos. Não é compatível.
Espreito pela janela, as casas voam ao som da carruagem, e imagino. A vida que as casas possuem, os sonhos que entram em cada parede, as tristezas que fogem aterrorizadas por cada porta, as árvores que encobrem as saídas nocturnas de adolescentes rebeldes…
Tento meditar sobre o que gira em torno do teu candeeiro que acende o tecto do teu quarto… Tento conceber cada pensamento que a tua almofada recebe da tua mente tão exagerada e irritantemente sincera… Porque me conheces e me confundes… E porque os laços que nos unem te impedem inconscientemente, eu sei… Não me podes ver, não queres, e não podes. E não podemos, ou não devemos…
Mas penso-te todos os dias… Imagino o teu olhar de criança rebelde que me percorre a alma, um devaneio completo enquanto os meus lábios te tocam o pescoço sem me aproximar… Mas penso-te, mesmo. E procuro-te na multidão sabendo que nunca te vou encontrar, mas procuro-te mesmo sabendo que estás a marés de distância…
Mataste-me com um beijo devorador… Desejo-te. Não te amo. (Esquecer-te-tei.)

E agora pergunto-te eu, e se eu tiver saudades tuas?
(E tenho…E muitas…)
[Não me canso de te ler... Porquê?]

domingo, 8 de abril de 2007

"Gosto de ti. R."

R. Vejo os pinheiros a caminharem em direcção ao cimo do monte... Numa inclinação atenta e desmesurada tentando chegar ao desconhecido... Quero-me encontrar contigo ali, só ali, onde ninguém nos descobre, onde ninguém nos vê e as nuvens nos protegem, e sei que tu queres também.
Vejo-te a ti com a força desses pinheiros e com um olhar montanhoso... O teu corpo expressivo e soberbo que me deixa num estado de paralisia enquanto te contemplo... Esse tronco forte e certo que me segura e não me deixa desfalecer de tanta beleza que os meus olhos assistem... Encontro-te e tu a mim, somos só nós, e é lindo, é mágico. Faz-me pensar e dizer, quero-te, quero-te mais, muito mais... Subia-te as costas e arranhava-te a ânsia, cortava-te ao meio e sentia. (Sonho...) Despeço-me sempre com um olhar manhoso e provocante de tanta sinceridade, prometendo que amanhã será um novo dia, uma nova noite, e que estaremos juntos...
Porque enquanto te esperava naquele café aconchegante onde o mar sossegado é o nosso limite e tomava o carioca de limão que a minha garganta doente teimava em me pedir, pressentia uma conversa longa de tudo, uma conversa superficial mas verdadeira, abafando aquilo que nós sabíamos (ou que acabaríamos por saber)...

E os olhares brincados balançavam pela noite bebidos pela sedução destemida mas só nossa...

Porque sei que o que temos é único e só nosso, ainda que não seja nada!
Porque te digo sem medo que gosto de ti de uma maneira muito especial, gosto de ti com paz, com serenidade, com um carinho enorme, porque te sei e tu me sabes... (E porque nos conhecemos e as "tuas vidas" não me dizem respeito..Gosto de ti! E isso basta!)
Porque tu não pertences àquele mundo que me desgasta e me entristece... Àquele lá, ali, que quero bem longe de mim...

E nada tem que voltar a acontecer porque nós sabemos o que temos...

E diremos sempre:

"Xiuuuu...É só nosso...É o nosso segredo!"


Gosto-te, e muito!

domingo, 1 de abril de 2007

Posso?

B. Posso dizer que gosto de ti, simplesmente? (E que me arrependo todos os dias do passado que não quis mudar no presente que passou destruindo o futuro?)

Posso dizer o que quero de ti?

Posso dizer o que espero?

Um dia direi, e aí não ficarei em silêncio... Cada noite que falo contigo acordo a manhã com um sorriso meu de te pensar... Vou-te pensando, enquanto estiveres aí, longe de mim, mas escondido nas nuvens da minha almofada. E deixo um espaço aberto à minha frente, onde o nevoeiro sombrio não me deixa ver se virás...

Mas...

Posso dizer?

Direi a ti e ao mundo, um dia à noite...!

sexta-feira, 30 de março de 2007

Códigos

M. Falávamos por códigos.
E cada código transmitia uma palavra provocante, simples e desafiadora... Cada palavra fazia com que surgisse um sorriso esperançoso de algo que nunca chega, e que apesar de ainda acreditar sem receio, duvidada com angústia.
No entanto, optei por responder e fazer códigos, com símbolos que se iam descobrindo ao longo do tempo numa ânsia inocente e quase culpada de querer o que nunca se pode ter.

Nem que diga ao vento para dizer à chuva que vi o sol por uns míseros e breves instantes...
Nem que te diga a ti, sem códigos e palavras escondidas transformadas num silêncio obscuro e sincero mas invisível..
Nem que abra os braços, e te estenda a minha alma...

Sei que o tempo não para, e os sentimentos não mudam sempre (ou quase nunca).
Sei, agora, e de uma forma estranhamente desiludida, que não. (E de vez em quando dói... Uma dor conformada com o real, porque ainda era e é cedo, melhor...)

Não é tempo, não é hora, não é lugar, não és pessoa.

Os códigos sedutores, os olhares despercebidos (e certamente pouco genuínos) por todos mas entendidos por nós, de uma noite numa noite só... Códigos gravados na cara. Não falam, não andam. Estagnaram e assim ficará.
Brincadeira, simples diversão, tentativas esgotantes. Bom enquanto dura, mau enquanto perdura mas não é.
O teu olhar traiçoeiro deprimiu-me...

O teu olhar mentiu. E eu vi a verdade. [Ainda bem... Ou não...]

(Mas para já e para sempre, sim.)
Vou-te apagar e os códigos jamais serão desvendados.

terça-feira, 20 de março de 2007

Será.

Sento-me tranquilamente numa esplanada. O vento agradavelmente frio ataca de todos os lados e os meus cabelos dançam, cobrindo-me o rosto como uma cortina que se fecha após um teatro sem actores.
Os olhos atentos, numa tentativa anelante de descobrir o céu, deparam-se com um mar extenso, de uma infinidade incompreensível... Querem descobrir o início e o fim (que não chegam nunca).
Casaco bem apertado, aninhada em mim mesma, não vejo sequer o visível. Cego-me num mar de ondas impetuosas e insolentes, que dizem um “não” intocável ás rochas salgadas, como se quisessem fugir à tempestade que vem sempre.
Tomo o meu café que me aquece por breves segundos, e acendo um cigarro que o vento faz questão de o fumar num ápice.
Vejo (ou não) dois mares num só.
Dois mares. Dois caminhos. Duas opções. Ou nenhuma.
Do lado direito o sol entra sem compaixão pelas nuvens brancas escurecidas, dando-me luz verde para seguir, sem destino, sem rumo, sem fim, para uma estrada marinha que me conduzirá a algo indeterminável mas esperançosamente próspero. Do lado esquerdo, a escuridão que num silêncio tenebroso e frio me diz “pára e fica”.
Nem digo mais nada. Sei que não é o quero, mas será que quero o que não sei...? O que esperar? Não sei. Com o que contar? Não sei. O que sentir? Não sei. Mas sei que um dia... Um dia pode ser amanhã ou ontem...
Sei, que algures num universo, longe ou perto, tudo se encontra, tudo se passa, o que tiver que se realizar, será... Vou esperando pelo final do teatro... Será bom?!

Dois mares, uma só vida, um mar.

Dilemas de uma vida feliz pelo que existe enquanto existe!

domingo, 4 de março de 2007

A minha cidade.


A minha cidade.

Nesta cidade, enquanto caminho pelas vielas escondidas no tempo, calco subtilmente na pedra da calçada e sorrio. Uma energia inexplicavelmente positiva que me agarra desde o solo puro até ao céu cinzento de chuva acolhedora e azul de ar pacífico. Respiro um ar simplesmente tranquilo. E é nesta tranquilidade que me escondo e esqueço a outra cidade (ou as pessoas da outra cidade) … Esqueço as vozes insinuadoras e calculistas, mentirosas e oportunistas… (Mas não esqueço nunca as verdadeiras vozes, nunca, jamais.) Continuo o meu caminho e perco-me enquanto observo uma singela gaivota que me cega com as suas asas livres, como se despejasse em cima de mim um pó mágico de euforia.

Esta cidade que me abraça sem pudor, que me acolhe sem acusações desconhecidas… Porque os erros do passado, aqui, leva-os o rio desinteressado para o mar bravo indiferente. Porque o rio que transporta esses erros não me julgou e não me julga.

Nesta cidade, os pátios escondidos nas casas antigas, que de antiguidade só têm beleza, contam histórias mudas que ninguém ouve mas que se sentem… E é aqui que me encontro, e que espero encontrar-te. Porque eu sei que estás aí, algures neste porto de abrigo, onde me refugio e me sinto em ti. Na busca incessante de algo que eu própria desconheço, acredito, não obstante, que tu estarás sempre aí, sempre.

Esta cidade que me estende os braços com a sua força incalculável e quente de sorrisos genuínos de saudade…

A esta cidade agradeço, por me agarrar sempre com gotas carinhosamente suaves de fortes altos e protegidos… O meu porto de verdades, é este.

A esta cidade e ás pessoas que fazem dela aquilo que eu vejo, um sincero e enorme agradecimento, porque aqui não há novelas. Há realidades.

Obrigada!

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Nao és, e nao voltarás a ser.

Já não és o que afinal nunca foste... É triste saber-te assim. É triste. Anos perdidos num céu de sonhos e desejos insaciáveis... Até poderias ser...Mas agora não, nunca. Reagi perplexa aquelas palavras que me atingiram de forma suave e lenta, uma faca maliciosa espetada docemente... Não sou quem querem que seja, mas sou eu. E sempre tive a certeza que sabias disso...Era isso que te tornava tão diferente e especial... Desilusões temos muitas... Mas amizades traídas quebram a minha alma, tornam-me fraca... Será um erro procurar a minha felicidade à minha maneira? Não tenho que ser "normal" (seja lá o que isso for), só tenho e quero ser eu. Amei-te e odiei-te com amor por te amar. Contigo podia ser eu, porque para os outros o "eu" é uma anormalidade... Sinto, agora, que um céu se fecha por cima de mim... Está tudo a desmoronar... A muralha que nos segurava caiu... Vou fazer a minha viagem sozinha. Não preciso de ti nem de ninguém. Já não és nada. Estragaste tudo. Já não te quero, nunca mais.
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Recordo a primeira vez que estive contigo,,, Passaram-se muitos anos e a magia continuava... Pensava eu... Até.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Tu sabes...

Penso-te nos meus dias mais sombrios, penso-te nos meus dias mais felizes. Penso-te quando não me recordo de ti. Porque és nada e tudo. Porque me dizes o que sou e fazes-me ver o que não sou.

E nunca estás presente... E a tua presença me enfraquece e me reconforta... Tenho medo do que tu me conheces, e tenho receio do que não me conheces... Porque eu não te sei, simplesmente. Na noite escondida nos muros de sorrisos bebidos imagino que te sei...E só aí acredito que amanha saberei um dia... És tu, tu sabes...

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Irrealidade

Pergunto-me o que se esconde atrás de mim. Atrás deste rosto simplesmente simples. Não procuro nada nem ninguém mas pressinto uma busca desmesurada de algo que nem eu sei, porque nem eu sei o que sou. Pergunto-me e pergunto-te o que tenho, não sou nem faço nada para ser, vivo.
Irritam-me os olhares desconfiados e provocantes de quem não vê e de quem não sente, que quer apenas ter algo para contar e dizer que se instalou sorrateiramente nessa realidade. Nessas mentiras sólidas extravasadas pelo vento da verdade fica, no entanto, aquilo em que as pessoas querem acreditar devido à emoção da não realidade mais cómica e mesquinha.
Irrita-me solenemente as paisagens inventadas pela crueldade de um sorriso manhoso e falso. Mas não me afecta. Porque sempre sobrevivi, porque não devo nada a ninguém, nem a mim mesma, (ainda que penses que devo...), porque são estas pequenas coisas que me dão gozo, sim, dão-me gozo, porque os tristes que se dizem felizes pelas intrigas alheias e até pelas próprias macabras intrigas das suas próprias máscaras desgastantes que trazem na alma apenas ar, não merecem nada, pelo menos da minha parte.
Arrependo-me. Arrependo-me das noites em que me esqueci de mim, em que esqueci quem eu era e me deixei levar pela frieza da mentira, crendo que poderia ser genuinamente real... Arrependo-me de ter acreditado no “eu” que não era “eu”, por, em breves momentos, ter acreditado que eu poderia mudar mentes vazias de tudo, ou mudar aquilo em que sempre acreditei.
Por isso mesmo, e por essas mesmas pessoas, deixei de acreditar. Parabéns, conseguiram. Mas não volto a cair, não quero nem tenho paciência. Sei que não vou mudar absolutamente nada, mas não tenho necessidade disso. Só espero que vocês se encontrem um dia, e se arrependam tanto como eu. Porque o arrependimento não mata, mas ensina. E é isso que eu vos desejo.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Um fio de luz...

Estou sentada num banco de madeira que me foi dado quando ainda via as borboletas como anjos e as bonecas como irmãs. Um banco pequenino e simples de madeira acastanhada e gasta, e que apesar de balançar me segura fortemente e me agarra naquele chão sujo e podre de memórias feridas.
Naquela casa no alto da montanha sombria encontro o passado que ainda me persegue e que sei que me vai perseguir até que um dia me liberte de vez. Penso no que fiz e no que não devia ter feito. Arrependo-me de tudo e de nada. Sento-me, olho para o chão e ali fico, curvada diante de mim mesma, perante as tristezas que superei e principalmente perante aquelas que não me deixam.
Porque sei que errei.
Na escuridão daquele quarto apenas completo por um pequeno banco de madeira, vejo a porta entreaberta como se me desse algum sinal. Não fechei a porta porque acredito no impossível, acredito num simples perdão de quem não é capaz de o fazer. Mas também não o quero. Acredito mas não quero. Não porque não mereço, simplesmente porque já passou. Já passou... Agora espreito pela abertura de pó e de luz que abrem uma esperança para algo melhor, ou pelo menos mais tranquilo. Já não luto, já não corro. Espero. Espero que um dia alguém me tire desta casa que ameaça cair, desta casa fraca e forte que me defende de nada. Porque a montanha está sozinha... A casa está sozinha. Eu estou sozinha comigo mesma e por isso mesmo não estou completamente sozinha... Sei que um dia vou abrir aquela porta, vou reconstruir aquela casa e restaurar aquele banco. Mas noutro sítio, longínquo. Onde só as estrelas me irão encontrar... Onde só a vida me irá abraçar... Sei que um dia me vou perdoar e corrigir a minha história, a minha vida. Mas não quero o perdão de ninguém. Não preciso. Só quero ter-me a mim, esteja eu onde estiver...

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Palavras





Escrevo palavras... Mergulho nas palavras como se as tocasse, como se as sentisse... Porque as palavras são a vida... Porque enquanto direcciono lentamente a minha caneta azul, gasta pelas próprias palavras que o tempo corrói, penso, ou deixo de pensar... Sinto. Sinto o que me envolve, o que me chama, sinto o prazer de sentir... Esqueço. Esqueço a mágoa que as palavras já me deram... Imagino. Imagino o que as palavras me poderiam ter dado, mas que por medo me calaram... Enfim, faço. Invento verdades e mentiras. Invento angústias, sentimentos esquecidos apagados pela resignação. Ou revivo. Porque ninguém inventa por inventar. Tudo tem um fundo, mesmo que seja o fundo de um poço... E mesmo aí, as palavras me perseguem. Escrevo. Escrevo uma história que não é minha nem de ninguém. Escrevo e mergulho. E é nesta sensação estranha, amarga e envolvente que encontro um sentido. Ou nenhum sentido. Porque não quero sentidos. Quero encontrar a vida! Quero encontrar a magia das palavras... Que está em cada um de nós... É preciso é saber dizer... E cada um diz à sua maneira. Eu palavreio como quero, como posso, como sinto. Sem palavras não é uma opção.