quarta-feira, 18 de abril de 2007

Perturbante saudade...

Tenho saudades tuas…
Saudade do teu olhar envolvente, da tua força que me enfraqueceu num deleite profundo…
Saudade do desejo frenético do que não é e do que nunca vai ser…
Saudade da tua pergunta sussurrante que me sossegou “E se eu tiver saudades tuas?”
Mas sei que não tens, e eu também não. Mas tenho…
Porque ambos sabemos que não dá. E tu aceitas.
Ambos sabemos que o que temos (ou não) não podemos ter.
Sabemos o que tu queres, o que eu quero, o que nós queremos. Não é compatível.
Espreito pela janela, as casas voam ao som da carruagem, e imagino. A vida que as casas possuem, os sonhos que entram em cada parede, as tristezas que fogem aterrorizadas por cada porta, as árvores que encobrem as saídas nocturnas de adolescentes rebeldes…
Tento meditar sobre o que gira em torno do teu candeeiro que acende o tecto do teu quarto… Tento conceber cada pensamento que a tua almofada recebe da tua mente tão exagerada e irritantemente sincera… Porque me conheces e me confundes… E porque os laços que nos unem te impedem inconscientemente, eu sei… Não me podes ver, não queres, e não podes. E não podemos, ou não devemos…
Mas penso-te todos os dias… Imagino o teu olhar de criança rebelde que me percorre a alma, um devaneio completo enquanto os meus lábios te tocam o pescoço sem me aproximar… Mas penso-te, mesmo. E procuro-te na multidão sabendo que nunca te vou encontrar, mas procuro-te mesmo sabendo que estás a marés de distância…
Mataste-me com um beijo devorador… Desejo-te. Não te amo. (Esquecer-te-tei.)

E agora pergunto-te eu, e se eu tiver saudades tuas?
(E tenho…E muitas…)
[Não me canso de te ler... Porquê?]

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